terça-feira, 29 de abril de 2014

Ocupação Zuzu Angel

Estilista famosa de renome internacional.
Mãe sofredora de militante político desaparecido.
Uma coisa não orna com a outra, não é mesmo? Não combina. Mas no caos falsamente organizado da ditadura militar, as duas personalidades coexistiram.


Quem assistiu ao filme com a Patrícia Pilar (nem curti) sabe que eu estou falando da Zuzu Angel (apesar da parte da estilista ter ficado bastante ofuscada). Pois bem, a ilustre senhora ganhou Ocupação no Itaú Cultural (ocupou 4 andares e o mês inteiro com eventos relacionados) que vai até 11 de maio aqui em São Paulo. Se cabe a minha opinião, vale a pena visitar.

Alerta de spoiller! Vou contar tudinho!
No térreo, dentro de um nicho escondido atrás de nuvens de acrílico vermelho e transparente, acontece a contextualização aonde podemos acompanhar, através de uma linha do tempo, a situação na vida de Zuzu, em paralelo com a situação política do país e ao hit musical do momento. Que é pra tudo fazer sentido.



No primeiro andar está a exposição da ESTILISTA com modelitos originais envitrinados. Moda atemporal, eu diria. Ou vai ver, me encantei por ser vintage. Não sei, só sei que eu usaria de um tudo. Maxi dresses com estampas floridinhas, de bichinhos, tudo muito colorido, ou rendado, ou bordado a mão. Um capricho e com estilo. Não é a toa que ela vestia estrelas de Hollywood, tipo Joan Crawford. Ali também está a simulação de um ateliê, e o público pode interagir deixando uma mensagem no mural de uma das paredes de mentirinha.

No subsolo está a exposição da MÃE SOFREDORA que escreveu carta pra "Deus e o Mundo" denunciando a tortura e assassinato do filho e pedindo ajuda pra, de alguma forma, localizar seu corpo. É carta pra senador americano, pra presidente, pra jornalista, pra jornaleiro. Pra geral mesmo. Pra torcida do Flamengo. Uma situação desesperadora. Nessa ala encontramos algumas peças da coleção que ela lançou com essa temática, além de vestidos de luto que ela própria usava em protesto. Para o público está aberta a possibilidade de escrever cartas saudosas para quem nunca apareceu. Eu não escrevi, porque achei muito triste. Não é um dom que eu tenho, esse da melancolia.


E pros finalmentes, no sub-subsolo (que deve ter um nome técnico diferente deste) está um mural de parede a parede com uma das últimas estampas criadas por Zuzu não finalizada (supostamente ela foi assassinada em um acidente de carro forjado). A proposta aqui é, cada um dar seu toque: um desenhinho, uma pintura dentro da linha, um poeminha batatinha quando nasce... cada um contribui com o que pode.

Eu tô contribuindo com esse post, vale?
Pra uma biografia completinha da Zuzu, sugiro este texto aqui, ó: "Estilista mineira Zuzu Angel enfrentou os militares em busca do filho."

domingo, 27 de abril de 2014

RUA no Porto

E a noite do Porto? Pessoalmente recomendo um lugar bem legal. Chama-se Rua.
Você tá ai mentalizando a tchurminha reunida na calçada, curtindo um som de carro no úrtimo... um funk light, um lepo-lepo... assim no meio da rua. Mas é nada disso! O RUA é um bar de tapas (paf paf), que fica na Travessa da Cedofeita, uma ruela estreita de paralelepipedos bem tradicional do centro antigo do Porto.

 

Agora vou escrever uma coisa que vai dar a impressão de que tudo isso é um grande jabá: sou amiga dos donos do Rua. Eu fiz a comunicação visual do bar. Mas, te acalma, não é só por isso que eu recomendo.

1. Recomendo porque o ambiente é descontraído e diferente. O bar é fechado, mas quer dar a impressão de que você ainda está passeando pela rua, por isso, o chão é calçamento (tem até sarjetas de mentirinha pra ficar bem realista), nas paredes tem grafites e luminárias estilo aquelas públicas, o menu é baseado no layout de jornais da década de 40 (eu sei, eu que fiz)

2. Recomendo porque o cardápio é maravilha, muito do gourmet. Mas você não disse que era um bar de chineladas tapas? E é, tapas no sentido de petiscos, porque as porções são pequenas. A idéia é provar um pouco de tudo. E acredite, vai dar vontade, porque mesmo o petisquinho mais tradicional tem um quê de diferente. Muitos dos pratos também foram baseados em comidinha de rua. Né? Pra manter o tema.

3. Recomendo pela música, porque o Rua é bar de tapas, mas também é music bar. Tem showzinho quase todo dia, isso quando não tem jam session. Os shows são de estilo variado, mas tem muita músiquinha brasileira, tipo chorinho, bossa nova (de novo, não tô falando de lepo-lepo).

E pra não dizer que aqui não tem jabá, tem um selfie jabá, meu próprio. Que é pra você ver o material que desenvolvi para o bar no início do ano passado.





sexta-feira, 25 de abril de 2014

Ópera no Theatro Municipal

Quando você pensa em ópera, qual a primeira coisa que lhe vêm a cabeça? Julia Roberts em dia da transformação da Xuxa ao lado do Richard Gere? Luciano Pavarotti? Todas as anteriores? É exatamente nisso que eu penso. Em resumo a imagem de ópera da minha cabeça sempre foi: Um espetáculo de dramalhão clássico, cantado e representado por uma minoria rechonchuda e altamente talentosa, destinado à diversão da nobreza.

Well, eu não sou da nobreza, e eu fui à ópera. Aqui no Theatro Municipal de São Paulo. E vos digo, não custa nem um terço de um ingresso prum show da Beonça em tour pelo Brasil. E ninguém mais veste longo de Óscar pra ir à Ópera. Julia Roberts estaria completamente fora de contexto. 


Mas a minha surpresa maior nem foi essa. A grande surpresa foi: A ópera - Falstaff do Giuseppe Verdi - é uma COMÉDIA! E existe? Pois, existe! A gente custa a perceber porque tudo é cantado em italiano em tom de dramalhão, sendo piada ou não, mas é comédia. Dá pra dar risada. E TU-DO-TU-DO é cantado. "Pega ali meu chinelo" é cantado. "Essa coxinha é de ontem" é cantado. "Trim trim" do telefone é cantado. 

Apesar da estranheza inicial, eu curti muito. Principalmente o último ato. Nunca vi tanta gente em cena. A peça é uma adaptação operística de uma obra de Shakespeare, e portanto se passa na Inglaterra, em Windsor. Nessa montagem moderninha tem até punk!


Imagine, uma ópera cheia de punks... tem nada a ver com a imagem que eu tinha na minha cabeça. Nada a ver. Lá se foi a imagem Julia Roberts. 

quinta-feira, 17 de abril de 2014

DIY - Mini projeto de Páscoa

Páscoa é época de renascimento renovação fazer DIY. Yey! Este ano não fui tão elaborada quanto em 2011 (que teve até caixinha em forma de coelho canibal) mas ainda assim, gosti do resultado (quem vai ganhar preferia qualquer coisa da Nestlé, mas a vida é cheia de decepções, não é mesmo?)!


Etapa 1 - Preparando: Com um palitinho, pressione as duas pontas do ovo (uma de cada vez) até furar. É necessário um tiquinho de habilidade e perseverança. Um dos furos tem que ficar imperceptível. O outro tem que ser grande o suficiente pra deixar passar uma balinha. Assopre o furinho pequeninho pra que todo o conteúdo saia rapidinho pelo furo maior. Lave o ovo por dentro e deixe mergulhado em desinfetante culinário por uns minutos. Depois é só deixar secar de cabeça pra baixo e de um dia pro outro.


Etapa 2 - Decorando: Para a pintura, usei tinha guache. Circulei os ovinhos com fita crepe, pintei a parte de cima de uma cor, a de baixo de outra, e depois de retirada a fita, pintei o meio de uma terceira.  Resultado: ovinhos tricolor. É bom pra quem gosta dessas coisas de time. Como a tinta guache sai na água, envernizei com um esmalte transparente (hashtag improviso). Deixei secar de um dia para o outro.


Etapa 3 - Recheando: As balinhas mais minis que encontrei foram os tic-tacs. Duas caixinhas para cada ovinho. Pra fechar, recorri ao celofane. Recortei círculos pequenos de celofane transparente e colei junto as saídas dos ovinhos usando de novo o esmalte (acho que podia ter sido cola também, né?). Pra abrir o ovinho, é só descolar o celofane.


Fim! Como eu disse antes, este ano foi mais simples, não teve caixinha. Mas eu arranjei umas mini bem mini sacolinhas, e carimbei com o "uhu!". FELIZ PÁSCOA!

sábado, 12 de abril de 2014

A lagartixa da Bartira

Eu estou morando em Perdizes, um bairro cheio de subidas e descidas, o desânimo dos pedestres (eu não sou motorizada). Perdizes é como a vida, cheia de altos e baixos.

Pois, imagine que você está num ponto lá em baixo, olha pra ladeira em frente (ui!) e vê uma lagartixa gigante desenhada no meio do asfalto. Surpresaaaaaa! Porque Perdizes é como a vida, sempre aparece uma surpresinha no meio do caminho.


Fui atrás de saber "quem, como, quando?", e descobri que a lagartixa original foi feita em 2012 por um artista auto-denominado TEC. TEC é um hermano argentino que já mora há uns aninhos no Brasil, e gosta de deixar desenhos gigantes espalhados por lugares inusitados. Esse da Bartira já resiste há muito tempo, porque os moradores curtem, e em cada renovação ganha um traço diferente.

Assim TEC, se você tiver meio de bobeira, também tem asfalto aqui na Aimberê.

domingo, 6 de abril de 2014

David Bowie is

Vou confessar pra vocês que, quando ouvi falar desta exposição, intindi nada. Pra mim David Bowie era um cantor pop dos anos 80 que tinha feito um filme pra Sessão da Tarde (Labirinto)... e só. Qual seria o sentido de toda uma exposição-homenagem em vida? Como ficaria Elton Jhon nesse contexto?

Santa ignorância, Batman! Eu simplesmente desconhecia a existência de todo um background bombástico nos anos 70. Porque, veja bem, David Bowie foi o precursor do glam rock, o que quer dizer que ele inspirou Queen, e a produção do Rock Horror Show, (Ney Matogrosso, de certeza) só para citar alguns. 


David Bowie assumiu um caráter completamente andrógino no início dos anos 70, uma mistura de roupas femininas e masculinas + maquiagem + brilho, que conseguia deixar o povo confuso. Até porque, na altura, ele era um ser casado e com filho. Inclusive, apesar de ter se "assumido" gay, hoje em dia ele está casadíssimo com a top model Inman. Parece que foi só golpe de marketing. Porque bom marketeiro ele é, e o maior exemplo disso foi a criação de seu personagem Ziggy Stardust.


Durante o período mais famoso de David Bowie (início da década de 70) ele foi Ziggy Stardust, um extra-terrestre andrógino caído na Terra. Parece tosqueira, mas não é, porque ele representava (compunha e cantava também, claro) loucamente bem. A ponto de ficar ofuscado pelo personagem. Há certa altura ninguém mais queria saber de David Bowie, só de Ziggy Stardust, e ele, cheio de dorgas na cabeça, deu uma enlouquecida com a situação, e cortou laços com o ET repentinamente.   

Na exposição do MIS eu descobri isso tudo. Descobri também que depois de muita rehab, ele virou ícone super pop. Descobri que ele representava, pintava quadros e compunha as próprias músicas (se bem que muitas delas usando um programa chamado Verbasizer que cria letras juntando frases prontas ramdomizadas). Descobri que ele praticamente lançou Alexander Macqueen! Descobri que já tem marromenos umas cinco décadas que ele faz sucesso, e que eu curtia e conhecia uma série de músicas dele, sem saber que eram dele (que eu sou analfabeta musical), tipo "Under Pressure",  "Changes", "The man who sold the world", "Rebel Rebel" e a minha preferida do momento "Space Oddity". Descobri que ele sempre estava a frente do seu tempo. 

O zóio colorido são sequela de uma briguinha de infância.

Pontos negativos da mostra (nem tudo são flores):
1. Ao entrar na exposição, todo mundo recebe um audio-guia. Até aí, normal. Só que nem tanto, porque ele tem um sistema diferenciado - é ativado automaticamente sempre que aproximado de uma faixa diferente. Intaum que você tá lá andando, quando de repente começa a tocar uma música tema daquela parte da exposição na sua cabeça. Genial, não é? Nem tanto... porque, né? Não funciona direito. Devem ser interferências, porque o som ficava sumindo o tempo todo assim sem mais nem menos, mesmo quando eu estava paradinha, tipo brincando de estátua. 
2. As plaquinhas de legendas cronológicas eram mini! Tudo bem que eu sou cegueta, gente, mas oi? Ter que se aproximar de cada placa, quase grudando o zóio pra conseguir entender o que tá escrito, é fora de cogitação. Principalmente numa exposição que anda bem cheinha. Talvez seja por conta da luz, sei lá, sei que perdi muita informação por falta de conseguir enxergar. 

O resto tá ótimo. Uma lindeza só!

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Casa das Rosas

É difícil de acreditar, mas acredite: a Avenida Paulista já foi estritamente residencial... calminha e bucólica até... de ouvir o cri-cri do grilinho. Era residencial do tipo elitizada, só palacetes dos barões do café, mas ainda assim, era residencial. E isso a menos de 100 anos. Dona Misao, não fosse japonesa, teria conhecido em vida. Dessa época sobraram pouquíssima evidências, que o progresso foi cruel, mas há quem interessar possa, a Casa das Rosas, no nº 37 está aberta para visitação.


Concebida para ser presente de casamento do Seu Ramos de Azevedo* - o arquiteto dos famosos da época - para a filha (eu não vou aproveitar a oportunidade pra reclamar de não ter ganho nem uma "Casa da Barbie" do meu pai), a Casa das Rosas enquanto residência durou uns 50 anos, até marromenos a década de 80, quando foi vendida a uma mega construtora megalomaníaca. Ói o perigo! Por pouco que o espaço não vira arranha céu envidraçado. A sorte foi que no mesmo período, ela foi tombada (kabum!) como patrimônio nacional. Daí, pra não perder o investimento, a construtora propôs ao Governo manter e restaurar a casa original, e construir um predião no terreno dos fundos. Um puxadinho bem do moderno, eu diria. Seria bizarro, não fosse a Paulista. Até combina.

Intaum que atualmente funciona na Casa das Rosas o Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura. Seu Haroldo foi poeta fundador do construtivismo e tradutor. Por conta da homenagem, além de uma biblioteca, acontecem exposições voltadas a poesia lá dentro. Lá fora, o jardim de rosas, que dá nome à Casa se mantém, e ainda foi instalado um café bem simpático junto a ele. Não esqueçamos dos eventos, que foi pra um desses que fui neste sábado: a feira "Troca tudo sem dinheiro até conselho", que é auto-explicativa. Eu troquei um sapato velho por uma saia mais velha ainda... bem linda! E se você conferir a agenda da Casa, vai ver que aquilo borbulha de cultura em forma de cursos, concertos, palestras e eteceteras.




*O nome Ramos de Azevedo não te lembra nada? Nadinha? Porque, se você for paulista, de certeza já andou num busão Praça Ramos! Exato! Seu Ramos dá nome à Praça Ramos. Só porque ele foi "o cara" que projetou o Teatro Municipal, o Mercado Municipal, a Pinacoteca do Estado... entre outros. Eu disse que era "o cara".