segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Coca Cola



Foi da noite para o dia, inúmeros muros aleatórios pintados de um vermelho impecável. Um mapa da África vazado no meio. Um slogan, uma marca. Pros "paranóicos teóricos da conspiração" explico já que não foi ação terrorista. Foi ação publicitária.

A Coca Cola, malandrinha, quis aumentar as vendas a popularidade na África e criou uma adaptação da campanha global "Razões para Acreditar". Niqui ficou "Mil milhões de razões para acreditar em África". Spot na TV, jingle no rádio, anúncios nas revistas. Angola foi ainda o único país a ganhar seu próprio vídeo com artista angolano famoso, o Anselmo Ralph. Tudo pra dar um teor altamente nacionalista. Funciona, né? Taí o "sou brasileiro e não desisto nunca" pra provar (até quem só é patriota em Copa solta uma lagriminha). 
A campanha vinha ainda cheia de ações culturais, concursos onlines... aumentar as vendas com consciência social, néam? Que é tendência. 

Mas, o que mais me impressionou foi mesmo a ação dos muros pintados, porque esses estão no meio das musseques, o tempo todo, no dia-a-dia, virando referência. Esses vão ficar marcados na memória. As crianças vão crescer, visitar a casa dos pais, e lembrar... eu brincava ali perto daquele muro da Coca Cola. 

E pra não dizer que estou toda queridinha, vou fazer uma ressalva crítica quanto a distribuição de mídia. Explico: o vídeo era transmitido nos cinemas, antes dos traillers (naquela hora em que vc procura um controle remoto).  Só que o público do cinema em Luanda é mais expatriado que angolano. Eu diria, sei lá, chutando, uns 60% de expatriados variados. Entendeu? Target* errado. O povo até podia ser nacionalista, mas não exatamente em relação a Angola, néam?

Quando cheguei em Angola, a lata da Coca era assim, ó!
*Hoje escrevi difícil só pra provar que sou mesmo publicitária, tá bão? Para ler mais sobre este case da Coca Cola, clique aqui

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Acordo China e Angola.

Felizes para sempre!


Aconteceu mais ou menos assim:
A guerra civil acabou e Angola se viu meio falida. Pra resolver, pediu dindin prozamigos, mas sabe comé?...Negócios a parte. Foi quando surgiu a queridinha China com uma proposta generosa: "A gente emplesta dindin, e vocês nem plecisam pagar em valor, ne? Pode ser em petlóleo e contlato nas oblas de reconstlução do país, ne?" Nas entrelinhas vinha ainda: "as constluções devem acontecer com as nossas, empresas, nossos funcionários, nossos equipamentos e nossos materiais." Foi assim que tudo começou. 
Tô pra dizer que pra Angola pareceu fácil, porque tanto o petróleo quanto as obras brotavam do chão, niqui as contas não foram bem feitas, e a balança se desequilibrou melhor pro lado da China. Não que eles tenham sido espertos no mau sentido. Foram simplesmente economicamente visionários. Em troca de um x em doleta, ganharam importação de petróleo, exportação de uma série de coisas, e ainda garantiram emprego prum bando de gente (o que é relativo, levando em consideração que estamos falando do país mais populoso deste mundo). Negócio da China, hein?
Então que, enquanto povo mega adaptável, os chineses se multiplicam loucamente por Angola. Literalmente tem caminhão de chineses pelas ruas. A lenda conta (fofoqueira que ela é) que os primeiros trabalhadores eram na verdade condenados. Mas de certeza que hoje eles não são. São homens de negócios, ou pais de família instalados no meio dos bairros que os demais expatriados nem se atrevem a entrar. 
Os chineses parecem ter medo de nada. Principalmente de trabalhar. Viu uma obra funcionando 24 horas viradas, certeza que é de chineses! 
Taí um povo que eu admiro! Outra coisa que eu admiro é yakissoba! Muito admiro!

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Prós e contras de expatriar em Angola

Começo a escrever o post sissintindo "utilidade pública". 

Prós: Quem vai pra Angola, geralmente vai convidado por uma empresa. Porque não acontece, né? Da pessoa acordar um dia pensando: Hum... que vontade de ir morar na África Central. Daí, se a empresa convida, também oferece benefícios, numas de te seduzir. Os benefícios são vários e meio inacreditáveis num primeiro momento (eu jurei que era pegadinha do Malandro): alojamento, transporte, parte da alimentação paga, e uma ajuda de custo pros gastos adicionais (tipo cheetos e trakinas). A empresa ainda oferece férias há cada 3 meses (para a maioria dos brasileiros, e há cada 6 meses para a maioria dos portugueses), com passagens pagas de ida e volta. Uma tonelada de prós! Puro amor no meu coração!

Contras: A empresa paga tuuuuuudo isso que é pra ter controle total da sua vida. Ou seja, está pagando caro pelas suas horas e vai querer usufruí-las ao máximo. Em outras palavras, quer sugar sua alma e fabricar um zumbi! Além disso, se eles pagam casa, podem te colocar pra morar numa república possilga cheia de gente pentelha, e (pânico) dividindo quarto. O mesmo se aplica ao transporte. Se eles pagam, podem prover  um único carro para ser dividido entre um batalhão. Niqui, vc pergunta: então porque é que a pessoa não aluga uma casa e anda de ônibus? E eu, humildemente respondo:  Não rola! Luanda está em segundo lugar no hanking de capitais mais caras do mundo. O aluguel de uma casinha mequetrefe chega a 2.000 doletas mensais, que devem ser pagas integralmente conforme o tempo do contrato. Ou seja, alugou por 6 meses, paga os 6 meses adiantado. Tá, e busão, é liberado? Não, e isso foi explicadinho nesse outro post aqui, de vários anos atrás (dá um pulinho lá). Ou seja, se a empresa não oferecesse todos aqueles benefícios, não valeria a pena, monetariamente falando, expatriar em Angola.  

Prós: Expatriado que não tem contas pra pagar, resolve o que fazer com sua ajudinha de custo, e isso muitas vezes é traduzido em gastar a toa. Em viagens, restaurantes, festénhas. Claro que isso é só pros irresponsáveis (eu, eu, eu!). Os responsáveis investem no sonho da casa própria. Então que eu não vou reclamar da vida, porque consumi muita lagosta na beira da praia. Mas também, lagosta em Angola é tão normal quanto hamburguer no McDonalds. E, como vcs sabem (sabem?), viajei bastante, ainda que como mochileira em hostel. 

Contras: Você pode ter uma vida legal fora de casa, mas dentro de casa são outros quinhentos, e nem é pelos hommates melequentos. Acontece que durante as guerras angolanas (da libertação colonial e a civil), a infra-estrutura do país ficou em segundo plano, o que resultou em distribuição de água, luz e saneamento básico podrinhos. Niqui com frequência rola tomar banho de canequinha no escurinho. Imagina passar os dias assim, sem fazer idéia de quando a situação vai mudar. É uó! Em alguns bairros, isso é mais raro. Mas no Centro é o que há de mais frequente. E o esgoto a céu aberto? A lotação de lixo pelas ruas? Melhor mudar de assunto. 

Prós: OS AMIGOS! Em Angola, os amigos viram família, mesmo que sejam de países diferentes. E que saudades tenho de todos! Os amigos são a maior conquista de um expatriado em Angola.

Contras: Que mais? Angola é um país com distribuição de renda super estranha, if you know what I mean. Pobre é muito pobre. Rico é muito rico. Não tem boas escolas, nem sistema de saúde pública decente. Opções de lazer são escassas. Resumem-se em praia e um único shopping chatinho (que eu sou paulista, e pra mim shopping é passeio). Tudo é caro... (mode on véia reclamenta)




Desse jeito parece que tem muito mais contra que pró, e ainda assim, se alguém perguntasse "quer voltar?", o zóio brilhava. 

Mas agora eu não volto, que eu tô curtindo ficar aqui!