terça-feira, 30 de agosto de 2011

A princesa e o golfinho.

Essa noite eu sonhei que era uma fada. Eu tinha asinha colorida e orelha de elfo. Daí acordei e resolvi contar uma historinha digna de Irmãos Grimm procês. Senta, que lá vem a história...

Era uma vez, num reino bué, bué distante, chamado Áustria, uma linda princesinha, caçula de 15 irmãos (imagina o mimo!), chamada Maria Antonieta. Como isso é tipo conto de fadas, sua mãe fica sendo a mãe-drasta, tá? A mãe-drasta, a doida da globalização, tinha mania de casar os filhos com nobres de outros países, e para a pequena Maria calhou o Delfim, herdeiro do trono (e golfinho) da França.

O matrimônio foi contraído, quando Maria completou 14 anos. O golfinho tinha 16. E que casalzinho estranho, hein? Maria era elegante, delicada, os passarinhos cantavam á sua janela. O Delfim era paradão, gordinho... um banana. Mas ambos sabiam para que lá estavam, e respeitavam o jeitinho de ser um do outro. Educada para ser uma princesa exemplar, apesar do choque cultural, Maria não apenas se adaptou à corte francesa, como em pouco tempo passou a ser adorada pelo povo. Seu espírito juvenil contagiou a corte, e logo Versalhes virou uma rave.

Jardins de Versalhes. Eu tava lá.

Dormitório de Maria Antonieta. Vi ao vivo.

Daí, o então Rei, avô do golfinho (e filho de Sunshine), morreu de catapora (é sério)! Maria e o maridinho se digistransformaram, da noite pro dia, em Rainha e Rei da França. Gente, eram dois adolescentes! Que pressão! É como se o Justin Biba virasse presidente dos EUA. Realizou? O drama de Maria ia além disso. Como Rainha, era sua obrigação providenciar urgente um golfinho novo pra França. O que não era nada fácil tendo em vista que o casamento nunca tinha sido consumado. Lembra, né? Que o ex-golfinho era um banana?

Sete anos se passaram até os médicos do Rei descobrirem que ele não era só um banana. Ele também sofria de fimose! Que dó, que dó! Fácil de resolver, um cortezinho aqui e ali, e nove meses depois, Maria dá a luz a uma linda menininha. Depois dessa, foram mais quatro bebês, entre eles, o novo Delfim da França. Triste história, dos quatro apenas dois passaram dos oito anos.
Maria virou mãezona, ganhou do maridinho um mini-palácio dentro de Versalhes, o Petit Trianon, se isolou da corte e ficou lá brincando de fazendeira. Tudo lindo, tudo cor de rosa, e se eu fosse o Walt Disney escrevia agora “E viveram felizes para sempre”.

Quadro de Maria Antonieta com seus babys, de Vigée-Le-Brun.

Mas isso é a vida real. E parece mesmo é com história de terror. Fora dos muros de Versalhes, estava toda uma população francesa descontente, literalmente morrendo de fome, por culpa de má administração dos governantes, que se desenrolava desde a época do Rei anterior. Maria Antonieta, um dia adorada, agora era vista como culpada pelas desgraças da população, porque convenhamos, ela era uma gastadeira. Uma Revolução, “a Revolução Francesa”, começou a se formar, e um belo dia, a massa endoidecida resolveu invadir o Castelo e evacuar a família real.

Maria nunca mais viu Versalhes, seu Petit Trianon... ficou um tempo vivendo com a família no Palácio de Tulleries (em frente ao Louvre), tentando entrar em um acordo com os revolucionários, mas lá pelas tantas, a monarquia foi deposta e toda a família real foi considerada traidora da Pátria. O maridão, ex-golfinho e banana, foi logo decapitado. Maria foi mandada para uma cela na Conciergerie, e separada dos seus filhos. Seu “julgamento” foi uma verdadeira caça às bruxas. Era claro que seu destino já estava decidido: Cortem-lhe a cabeça. Maria foi decapitada, e sua cabeça “desfilou” em praça pública. Seu baby, o novo golfinho, morreu pouco tempo depois na prisão, aparentemente por maus tratos. Sua filha ainda passou anos presa, sem saber do destino da mãe...

Ai, gente, já deprimi!

Sophia Coppola fez um filme bem bonitinho sobre parte da vida de Maria Antonieta. Eu de vc, corria pra alugar a fita. E depois rebobinava. Tem também esse post muito mais legal que o meu, falando da mesma coisa.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Sunshine

Era uma vez um pequeno príncipe que sissintia o centro do universo. Literalmente! Ele cresceu e virou Luis XIV, o Rei Sol. Eu escrevo isso e imagino um homem amarelo e redondo. Um dia o ministro das Finanças (Nicolas Fouquet) convidou Sunshine pruma festinha na sua casa (Chateau de Vaux-Le-Vicomte), pra mó de fazer um social. Sunshine chegou na mansão do Ministro e se roeu de inveja. A mansão era um TUDO. O Ministro então foi acusado de desviar verba do reino, porque nunca que o salário ia dar conta daquilo. De castigo, Fouquet foi preso (por Dartagnan). Sunshine pegou o Chateau pra ele, e levou o arquiteto responsável junto.
Daí o arquiteto projectou o Palácio de Versalhes!

Moral da história: nunca faça social com o chefe.


O Palácio de Versalhes é considerado o símbolo supremo do absolutismo francês. Quando ficou marromenos pronto (porque nunca parou de se expandir), toda a corte foi realocada pra lá, o que praticamente eliminou qualquer poder local que algum nobre poderia exercer. Sacou?
E a corte tinha regra de etiqueta até pra respirar, tipo essa: Bater na porta do Rei era proibido. Ao invéz disso, quem queria falar com Sunshine tinha que arranhar a porta suavemente com o dedo mindinho da mão esquerda (da mão esquerda, tá?), até que lhe fosse dada permissão para entrar. O.o


Nada de "ó de casa" com palminha.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Notredame. Sainte Chapelle. La Conciergerie.


Luxo. Clássico. Gótico. Estou falando da Catedral de Notredame, casa do Quasimodo, ao pé do Rio Sena. A Catedral levou mais de um século pra ser construída, que é marromenos o tempo de espera da fila pra subir as torres. Eu bem queria subir, mas não tive paciência, que me desculpem as gárgulas. Beata que sou, assisti uma missa lá dentro. Orgulhinho da vovó.
Faz parte da História da Notredame: a beatificação de Joana D’arc, a coroação de Napoleão Bonaparte, e, na praça em frente à Catedral, o assassinato na fogueira (sob autorização do papa) dos últimos cavalheiros templários.


Missa na Notredame. Repara no padre todo piquitinho.

A região da Notredame tem uma vibe assim meio 25 de março, dada a quantidade de lojas de souvenniers made in China que por lá hão. Mas não deixe isso estragar o passeio, porque logalí está das capelas mais lindas que eu já vi em toda a minha vida, e, arrisco dizer, o (elegido por mim) ponto turístico mais bonito de Paris: A Sainte Chapelle. Vitrais, vitrais, vitrais. Nem vou tentar explicar, tá? Está aí a foto pra vossa avaliação. Clica que cresce.

Sainte Chapelle foi construída dentro do então Palácio Real (anterior ao Louvre, anterior a Versailhes), especialmente para servir de templo à Coroa de Espinhos, aquela de Jesus Cristo. Hoje esse Palácio Real digitransformou em Palácio da Justiça, e junto a ele tem também La Conciergerie.
La Conciergerie é uma fortaleza medieval sinistra de arrepiar pêlinho. Nos tempos da Revolução Francesa serviu de prisão pra tudo quanto foi condenado político, entre eles Marie Antoinnete, aka rainha da França. Pra representar o tormento de ficar preso por ali, existem simulações com manequins nas supostas celas.
E daí, vou contar uma história de terror, tá? Dizem que o fantasma de Marie Antoinnete assombra a Conciergiere. Então que na simulação da cela dela (que não é a original), existe, rodando sem parar, a gravação de uma oração, a mesma que ela supostamente fazia compulsivamente antes de ser mandada pra Guilhotina. Acontece que um dia, sei lá, a luz caiu, o gerador falhou, e a gravação parou. Foi quando aconteceu: tudo quietinho, escuro, apagado... e a oração, sussurada, continuou.

Não sei você, mas eu não durmo essa noite. 

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Sparkling Eiffel Tower

Sou a louca do medo de altura, tá? Tenho vertigem até em cima de cadeira. Então nem me pergunte se eu subi na Torre Eiffel. Porque não. A resposta é não.

A Torre Eiffel, toda exibida, pode ser vista de quase qualquer ponto de Paris. Você tá no Louvre e ó, olha ali a Torre Eiffel. Você tá na Notre Dame e ó, tá logo ali. E ela é linda de tudo quanto é ângulo... menos de perto. Desculpaê a sinceridade, mas de perto a Torre Eiffel parece um monte de ferro. Mas ei, é como eu disse, de longe ela é espetáculo.

Numa das últimas noites, peguei no meu guia TimeOut, pra mó de escolher um restaurante digno de despedida. E o vencedor foi o “Les Ombres” no topo do Museu do Cais Branly. O zóio da cara! Mas hum, valeu a pena! Nem tanto pela comida (o dindin só deu pra entrada e pro cafezinho anyway), e sim pela vista. De cara com a Torre Eiffel (nem tão perto que parecesse sucata, nem tão longe que pra ver só apertando o zóinho).
E a noite, de hora em hora (a TeleSena informa), a Torre brilha feito luzinha de Natal. Xente é emocionante! Biutiful! Saí de lá dando pulinho de felicidade.



O atendimento é ótimo mesmo se você só puder pagar pela entrada e pelo cafezinho. Até me ofereceram sobremesa de cortesia.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Quartier Latin


Pra fazer a boêmia, comprei uma boina me hospedei na Rua Moufettard (aquela aonde a Amélie encontra o Dominique Bretodeau). Dizem as línguas que essa é das ruas mais velhinhas de Paris, e ela tem toda cara disso. É toda estreitinha, de paralelepípedos... começa numa igrejinha cuti (Saint-Medard), e termina numa praça (Place de Contrescape) cheia de bares e bistrôs (Hemingway morou por ali). Tem mercado a céu aberto todos os dias, vendendo frutas, queijos, mariscos...
Pausa: comprei uma tabuinha de queijos, e deixei no quarto pra hora do recreio. Quando voltei, o andar todo cheirava a fandangos estragado (novo sabor).
Voltando... o legal da Moufettard é que ela é ultra bem localizada. Fica, por exemplo, bem ao pé do Pantheon.
Pedacinho-inho do Pantheon

O Pantheon já foi igreja, cansou dessa vida e virou mausoléu*/edifício em homenagem aos grandes homens franceses. Lá dentro tem uma porção de estátuas da Revolução Francesa, tem o famoso pêndulo de Foucault (que gira, gira, gira), tem paredes inteiras pintadas, contando a vida de santos e santas, tipo Saint Genevieve (patrona de Paris).
E tem esse mural, em especial, representando os últimos suspiros da santa. Ela bem velhinha, na cama, dando benção pra toda uma multidão desesperada. Super gente boa ela. No meio do povo, tá lá essa moça pelada, olhando pro nada, com cara de “oi?”. Saiu do banho, e “oi?”. Oi? Doideira.

Pedacinho-inho do mural da Saint Genevieve 


Não paremos por aqui, que eu tô virada em guia turística! Pertim do Pantheon está o melhor lugar pra lagartear éva: são os Jardins de Luxemburgo! Saído de conto de fadas. Tem muito jardim em Paris, praticamente toda igreja tem sua pracinha, mas este tem todo um charme especial.
Fonte de Médici


Tudo isso que eu acabei de “descrever” (Moufettard, Pantheon, Jardins de Louxemburgo) fica no Quartier Latin, esse “bairro” antiguinho, antiguinho por onde o Panoramix passeava com o Obelix, que tem também:
- A Sorbonne. Hoje em dia são apenas alguns campus (plural de palavra no plural, faz como?), mas tudo começou ali;
- As Thermas de Clunny. Ruínas de banhos romanos, juntinho ao Museu Medieval. Eu curti!;
- A Fonte Saint-Michel... eteceteras.


Fonte Saint Michel




quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Louvre. Louvre. Louvre.

O Louvre é lindo, é sumptuoso, é coisa.fofa.do.papai. Andei lá dentro 1, 2, 3 vezes inteirinhas.


1. A primeira vez, fui pra ver tudo relacionado à História Francesa (Porque na minha cabeça só faz sentido ver antiguidade Egípcia, no Egito): as esculturas que piscam quando vc não está olhando; os aposentos de Napoleão III*, mergulhados no dourado-tendência; as pinturas pequenas, as de tamanho normal e as super-hiper-ultras gigantescas; os restos originais do Louvre Medieval (emoçãozinha). FIM! Gosti, mas saí de lá traumatizada, arrastada pela multidão até a Vênus de Milo. Eu nem queria ver a Vênus de Milo, tá? Estátua desbraçada!

Aposentos de Napoleão III - sobrinho de Napoleão I, autoproclamado Imperador da França.
2. Da segunda vez fui pra ver a Monalisa. Só a Monalisa. Olha que honra pra ela!

3. Da terceira vez, entrei no Louvre pra usar o banheiro. Custa 1 euro o banheiro do Carroussel do Louvre, viu? Só pra vossa informação! E lá estando, bóra comprar souvenniers no Pylones. Vontade de ter uma mala exclusiva pros souvenniers. Porque eles merecem!*

Melhor que a parte de dentro é a parte de fora do Louvre. É simplesmente FUN-tástica. Pra quem não sabe, o Louvre é palácio disfarçado em museu. Ele era a casinha do rei. E todo palácio é FUN-tástico por conceito, porque é tipo sonho realizado.
Em frente ao Louvre está o Jardim de Tuileries, que eu apelidei de esconde-esconde de estátuas. Elas ficam escondidas no meio dos canteiros, dos cantinhos. Mas essas são as tímidas. Tem também as exibicionistas.
Mais esconcondidinho que as estátuas, lá no finalzinho do Jardim, está o Museu de L'orangerie, só para fãs do impressionismo. É tipo um D'orsay (next post) em miniatura, com um plus: paredes inteiras pintadas com réplicas de Van Gogh - o homem sem orelha- pra vc olhar e se perder. 

Estátua tímida



* Tem todo um shopping, com McDonald's, dentro do Louvre. ¬¬

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Planejando Paris

Eu curto viajar sozinha e na louca, sem grandes planos. Acho um tudo chegar numa cidade e sair feito barata tonta. Eu vibro com o elemento SURPRESA.

Mas dessa vez foi diferente.

1. Antes de ir pra Paris, passei um mês estudando sua história. Eu sou assim de aplicada, tá? Foram horas de documentário da BBC, litros de filmes épicos, páginas e páginas da Wikipédia. Foi de tontear. Deu até comichão de fazer resumão aqui procês.
Isso tudo porque cansei de olhar pra mesma estátua do bigodudo em cima do cavalo - aquela que tem em todo lugar, em todo país, em toda cidade, aquela que é sempre igual, mas sempre diferente – sem saber qual era a do bigodudo. Dessa vez, eu queria biografia detalhada do bigodudo celebridade francesa (que nem tinha bigode nem nada). Além disso, da uma emoção um frio na barriga, um sentimento quase 3D de passar por onde rei, rainha, vilão, mocinho já passaram um dia.
Pode fazer o teste. Vai, pergunta aí. Pode perguntar quase qualquer coisa sobre a história de Paris que eu respondo e ainda dou coordenada.

2. Adquiri um Paris Pass, que é um cartão bem legal, que te dá direito a furar fila de tudo quanto é museu e monumento. É tipo um pacotão, tá? Você compra o cartão e ganha: passe de metro correspondente a quantidade de dias válidos do cartão; 2 dias de ônibus de turismo com lage (hop on, hop off); pocket book (livrinho que cabe na pochete) com 120 páginas de instruções e coordenadas sobre cada um dos lugares aonde vc deve ir (uma vez que já pagou antecipado); passeio de balsa pelo Rio Sena; além de descontinhos aqui e ali. O pacotão não é barato nem nada, mas compensa se você somar quanto gastaria em cada uma das bilheterias. Eu comprei só pra ver a cara de nabo do povo, quando eu furasse a fila.

3. Comprei um Guia Timeout. Esse não teve um dedo de planejamento. Comprei porque tava entediada, só respirando, no aeroporto de Portugal. E ó, foi uma mão na roda! Ele divide Paris em regiões e dá itinerário (com atrações, restaurantes, bares, etecetera) de cada um dos lugares. O meu era de 2009, de modo que vez ou outra fiquei no vácuo, procurando restaurante que já não existia. Em compensação, os mais diliça foram indicados por ele.


Fiksdiks!