Sabe a seção de importados do seu supermercado preferido? Aquela caríssima, cheia de produtinhos interessantes, tipo “Green goose’s liver juice” (que você só descobre que não é limonada concentrada depois que já trouxe pra casa)?
Pois imagine que os mercados de Luanda são enormes seções desses importados. Acontece que Angola não tem fábrica, só estaleiros e empreiteiras. De modo que, tirando os produtos da Nestlé que são balaio e tem em todo lugar, as outras mercadorias são coisas bem loucas vindas de países que a gente nem lembra que existe, tipo Letônia, Estônia e Lituânia. É tudo super caro. Em uma comprinha de 10 itens, gasta-se 50 dólares brincando.
Mas é tão divertido, tão kinder ovo, abrir as embalagens pra descobrir as surpresas que vêm dentro. É o caso do Pomodori Pelatti: uma latinha “prática, normal” de molho tipo pomarola com tomatinhos desenhados no rótulo. Quando a gente abre a lata se depara com um tomatão gigante, sem pele, nadando na água. Pensamento instantâneo: Quéco faço com isso, Meus Deus? Tem também o “Puré de papas en polvo”. Não precisa descascar, cozinhar, espremer. É só acrescentar leite fervido ao pózinho de batata e ele se transforma, feito mágica, num purê perfeito (uau!). In-crí-vel!
É unanimidade entre os brasileiros espalhados pelo mundo (segundo pude constatar no http://tutacucapetaaa.blogspot.com/) que “o enlatado é o melhor amigo do expatriado”. Estamos todos longe de casa, com sono, com fome, desamparados, sem mamãe pra cozinhar e com um abridor de latas na mão: está feita uma refeição. E a variedade de enlatados por aqui é uma verdadeira loucura. Tem caldeirada de polvo enlatada, sardinha com maionese de batatas enlatada, salada de frutas tropicais enlatada, macarronada com almôndegas enlatada, cuca de nata enlatada, cachorro quente de vina enlatado, etecetera, etecetera, etecetera. Tudo enlatado.
Enquete: o que você gostaria que viesse na latinha?