Quando a gente mora fora, pega umas manias estranhas sem perceber. Daí volta pro país natal e se pega falando/fazendo coisas que ninguém entende. O povo olha pra gente com cara de "oi? hein?".
Segue lista:
1.
Responder "Ya" no lugar de "Sim". No lugar de "sim" ou genéricos (ok, concordo, jóinha, certeza...). Esse hábito peguei em Angola. Não me pergunte o porquê de angolano usar essa expressão. Vai ver é herança comunista russa.
Que Cuba e Rússia financiaram o "partido" que ganhou a Guerra Civil, néam? Num sei, mas desconfio que haja um bando de gente, achando que voltei de Londres sem saber falar "
yéis".
2.
Responder "Ainda" (e só) no lugar de "ainda não". Cri cri cri...
A gente que é brasileiro fica esperando pelo que vem em seguida: "ainda não", "ainda que...", "ainda mais..." "ainda assim...". Quando cheguei em Angola, isso me causou muita confusão. Eu perguntava "cicrano, tá pronto o layout do criente x?", e ele respondia "ainda". Ainda o quê, criatura? Me dava aquela agonia da tortura do Roger Rabbit:
tan-tan-na-na-nan.... Num dá? Num dá um ruim? Até que alguém me esclareceu: se a resposta só puder ser sim ou não, "ainda", serve como não, afinal, não existe "ainda sim". Deu pra entender? Não? Ainda?
3.
Olhar pros dois lados antes de atravessar a rua. Não é simplesmente normal! No meu caso, é falta de orientação. Porque, veja bem, em Londres, com essa história de mão inglesa, eu nunca sabia direito pra que lado olhar. Sempre rolava uma desnorteada. E, na dúvida, eu examinava o lado que parecia certo, o contrário, e vice versa. Daí, em estando em São Paulo, numa cidade aonde eu sei exatamente qual é a direção certa, ainda fico confusa. Parece que meu cérebro não confia mais no meu julgamento lógico. Logicamente.
4.
Ficar surpresa quando entra alguém falando brasileiro no metrô. É que lá em Londres, a maioria das pessoas que entravam no
tube nosso de cada dia, falavam inglês, né? Tinha muita gente falando línguas impronunciáveis, mas no meio, sempre tinha um brasileiro. Dava aquele felicidadezinha do "familiar", sabe? Daí, quando eu ando no metrô aqui, sinto a mesma felicidadezinha quando ouço alguém falando o meu idioma... até perceber que tá todo mundo falando o meu idioma. É força do hábito. Ou efeito retardado. Você escolhe.
5.
Sempre esquecer o guarda-chuva. Morei 4 anos em Angola, lembra? Foram 4 anos de muito sol, muito calor, e muito pouca chuva. Adoooouro! Minha pele fica melhor. Meu cabelo me obedece. A chapinha agradece! Uma versão do paraíso! Já, aqui em São Paulo, a terra da garoa, só chove. Só chove! Dia sim, outro também! E eu me esqueci que era assim. Me esqueci dessa particularidade. Daí, cortei franjinha. O erro!!! Franjinha não orna com umidade. Tô uó!
A princípio, é só disso que me lembro. Mas a lista é grande, hein? Tende a aumentar.