Não é segredo que São Paulo cresceu
muvucada. O povo foi chegando, se ajeitando, e ficando por isso mesmo. Na bagunça, ninguém nem se atentou pra questão "Patrimônio Histórico Cultural".
Intaum, São Paulo ficou quase desprovido.
Eu disse quase...
Acho eu que a Catedral da Sé é bem histórica. A neogótica que existe hoje foi terminada só em 1967. Mas desde 1616 já existia igreja no mesmo lugar. Este
walk tour começa na Catedral, que é pra ser abençoado. Afinal, estamos bem no meio da Praça da Sé. Lugarzinho mal frequentado. Um mendigo sujinho por metro quadrado. Há que esconder o dinheiro na meia. Dá dó, porque a praça é grande, majestosa,
apalmeirada.
Bóra então pro Pateo do Colegio (vc acha que eu escrevi errado, mas eu escrevi feito os antepassados), marco inicial do nascimento da cidade (que é mais bem frequentadinho). Lá os jesuítas montaram seus
cafofos pra
mó de catequizar os índios em 25 de janeiro de 1554. O lugar foi também sede do governo paulistano de 1765 a 1912. É difícil imaginar que São Paulo já tenha sido clássica e
pequeninha daquele jeito.
No meio do Pátio tem um Obelisco em homenagem aos fundadores da cidade. A maior parte dos prédios em volta está bem conservada. O edifício principal é o Museu Padre Anchieta, aonde funcionava o antigo Colégio dos Jesuítas. Óbvio que ele é baseado em coisinhas de igreja, mas também tem algumas maquetes e mapas de São Paulo no tempo do
epa (quando vovó ainda não tinha celulite). Um pedaço específico é só sobre a vida do Padre Zé com
trequinhos particulares dele pra ilustrar, tipo uma túnica
podrinha e um osso da perna. É, tô falando de um osso de perna humana! Prático, normal...
Minha atração preferida foi o solar da marquesa de Santos, amante oficial do D. Pedro I. Ela não era nobre de nascimento, se
digitransformou só depois de virar filial (tipo a Camila Parker-Bowles, que agora é Duquesa da Cornualha). O solar foi prêmio de consolação por levar um pé na bunda do Imperador. O que é uma peninha. Apesar da relação imoral, eles pareciam ser bem apaixonados.
Taqui um trechinho de uma das 143 cartas, que ele mandou pra ela:
"Nada mais digo senão que sou teu, e do mesmo modo quer esteja no céu, no inferno ou não sei onde. Tu existes e existirás sempre em minha lembrança, e não passa um momento que meu coração me não doa de saudades tuas...”
Enfim, a marquesa não tinha boa reputação quando se mudou do Rio pra São Paulo, porque né? Fama de pirigueti. Mas ela tinha dinheiro.
Intaum começou a promover um monte de
festénhas pra
high society lá no solar. Boa de marketing pessoal, acabou se tornando importante e influente, formadora de opinião. Acabou que se casou com um brigadeiro (que encheu ela de beijinhos. Ha!).
Não sou amiga íntima, mas acho que foi merecido. No primeiro casamento, ela tinha só quinze anos e o marido era um ogro. Tão ogro, tão ogro, que a esfaqueou enquanto grávida do terceiro filho.
É hora do lanche, que hora tão feliz! O Café do Pátio é bem agradável, o cardápio é apetitoso, mas é relativamente caro. Quer comer bem, baratinho e conhecer um lugar diferente? O Bairro da Liberdade é
logali. Tomado pelos japoneses refugiados da Segunda Guerra, o bairro era essencialmente nipo no meio de São Paulo. Agora tá uma
mistureba de orientais. Tem chinês, coreano, mais chinês (não que eu consiga perceber a diferença).
Niqui vc escolhe entre
sushi, yakissoba, shop suey, cachorro...
E o bairro é basicamente comercial, então dá pra fazer comprinhas também.