sexta-feira, 29 de abril de 2011

A moeda angolana é o kwanza, tá?

Tá combinado assim? Mas se você quiser pagar em dólar, tá joinha também.

Angola tem essa política econômica de dolarização que ajuda a controlar a inflação. Pra quem é brasileiro, “tamo em casa”, né? Aqui em Angola é possível até abrir conta em moeda estrangeira (desde que seja dólar ¬¬) dentro de banco nacional. Mesmo assim, a regra é clara: qualquer pagamento no mercado interno deve ser feito em Kwanza (kwz).
Então, vai lá. Tenta pagar aluguel com kwz, comprar carro com kwz, pagar taxa da embaixada (brasileira) com kwz. Não dá! O povo não aceita. Ainda assim, a gente insiste.

Nota de 1000 kwz. Nota de 10kwz. É pra confundir a cabeça dum cerumano.

O Brasil não tem dessas liberdades, mas é porque por lá tem muito brasileiro :P. Por outro lado, em Angola tem muito expatriado. E expatriado se for europeu ryco e dyvo, ganha em euro, se for genérico, ganha em dólar.

Anyway, o país tá tão dolarizado, mas tão dolarizado, que tem até as senhoras do câmbio. Elas ficam sentadas em cadeirinhas, encostadas nos muros de qualquer rua, e vc acha que elas estão esperando o bonde, ou a morte da bezerra. Daí, vc passa por elas, e elas falam, assim como quem não quer nada: “Amiga, quer trocar dólar?” Pensa numa praticidade!
Não é que não existam casas de câmbio, é só que essas têm bicha* (#eusougay). E daí tá lá, a senhora do câmbio na sua esquina, te chamando de amiga. É tentador. E também é ilegal!
Se eu recebesse um dólar por cada vez que escrevi a palavra dólar nesse texto, comprava um cofrinho.

* bicha é fila, tá?
* 1 dólar tá mais ou menos 95 Kwz
* a Kate Middleton está casando neste exato momento.

Pra saber mais sobre o assunto (kwz x dólar, e não Kate Middleton, cujo sobrenome agora já não é mais Middleton), clica aqui.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Projecto de Páscoa

Minha mãe guardou nenhum dos porta-trecos feitos de palito de Chicabon que eu fiz pra ela. Nenhum... aff! Mas eu não desisto de dar presente feito em casa.
Então pra Páscoa realizei fazer caixinha de ovinhos de verdade, pintados e recheados com Confeti.

foto 1


Desafio 1: Achar ovo branco. Em Angola não tem. Só tem do alaranjado. SÓ DO ALARANJADO. Desafio 2: Esvaziar os ovos sem quebrar. Descobri que existe uma variedade enorme de maneiras de despedaçar um ovo. Desafio 3: Comer tanto ovo*. Desafio 4: Pintar os ovos com papel-crepon. Derrota! Não achei guache, mas a aquarela tava na promoção, e funcionou (foto 1).

A intenção era rechear os ovinhos com papel celofane, depois com Confeti, formando tipo um pacotinho, sabe? Pra que? Pra pessoa poder quebrar o ovo sem espalhar o chocolate, né? Porque o melhor de ganhar um ovo colorido é poder jogar ele na parede... é zen! Daí que celofane tá em falta, então recheei com guardanapo colorido, que é pobre, mas é limpinho (foto 2). Na foto (2) vc vê também o protótipo do paper toy que eu transformei em caixa. 

foto 2

Voilà! É issaí que os amigos e o more ganham de presente nesta Páscoa! Quem gostou, bate na palma da mão!!!!

foto 3


*Receita de brigadeirão de microondas para aproveitar os ovos.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Eka, Cuca, etc...

Fica aí todo mundo dizendo que Angola não tem indústria, só faz importar, e coisa e tal. Mas quem se “importa”, quando aqui produzimos aquilo que há de mais essencial: A CERVEJA!!!?

A CUCA, aquela que vai te pegar, surgiu nos anos 50, e é líder de mercado. Sua garrafinha long neck (pescoço longo) parece vidro de xarope, mas o gosto é de cerveja. Juro! Eu curto e fico bebinha só não conta pra minha avó. A Carol só sai se for pra tomar fino da CUCA. É assim de bom!

Cuca em Xarope

A outra nacional, maior concorrente da CUCA, é a EKA. A-han, o nome é EKA. Veja bem, eu não sou muito enjoadinha. Provo comida, mesmo quando ela é verde. Mesmo quando ela é verde e gosminha. Mas por uma questão de princípio, me recuso a consumir um negócio chamado EKA, tá? Não me leva a mal.

Também tem a NOKAL, a N`gola, e agora tem a Tchizo. Tchizo, olha aí... muito mais sonoro, onomatopéico até! A produção é em Cabinda, e assim que chegar em Luanda, garanto a degustação.

Claro que ainda rola importação. Tem Heineken (pede por EINIQUEM), tem Carlsberg (pede por Carlos Bergue), tem Superbock e Cristal. O mercado português não só exporta pra cá, como já abriu / está abrindo fábrica em Luanda.

Mas o importante é que o mercado nacional tá ganhando! Tim Tim pra comemorar!

Cerveja Chinesa em Copo de Einiquem

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Albinismo

Uma coisa que chama a atenção aqui em Angola é a quantidade de albinos. Pra quem não sabe, o albino é um ser tão branco, tão branco, que até brilha no escuro.

Wikipédia explica: O albinismo é um distúrbio congênito caracterizado pela ausência completa ou parcial de pigmento na pele, cabelos e olhos, devido à ausência de uma enzima envolvida na produção de melanina. Captou? Essa wikipédia... sempre falando bonito.

foto by Alexandre Campagnaro

foto by Alexandre Campagnaro

No começo eu achava que enxergava muito albino por aqui, porque eles naturalmente se destacavam no meio da multidão, tipo EMO em Show do Rick e Renner (apesar da filosofia dor-de-corno ser a mesma). Mas depois pesquisei (direito) e descobri que na África tem muito mais albino que em qualquer outro lugar do mundo. Na Europa, a taxa de albinismo é um em cada 17.000 pessoas, enquanto que na África é de um a cada 2.000 ou 5.000 dependendo do país.

Tudo isso por conta de um gene recessivo que se a mãe tem e o pai também, fo-deu! Ser albino não é das coisas mais legais porque a pele é muito sensível, os olhos são muito sensíveis. É normal o albino ter fotofobia, astigmatismo, nistagmo e mais um monte de ismo, além do pior de tudo, cancêr de pele. Choquei mesmo quando li que tem gente que acredita que albino dá sorte, tipo rabo de coelho, ferradura de cavalo. Daí rolam raptos e amputamentos pra mó de fazer amuleto. Deprimo só de pensar!

Segundo meus colegas, aqui em Luanda não tem disso não. No máximo rola uma deconfiaçazinha do pai quando o filho nasce branco... ¬¬

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Cai a chuva...



... e molha o meu amô-or!

Chuva do dia 09, sábado. E eu, perdida, bem no meio da Samba.

Hoje é aniversário do Júnior, tá?

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Rato Urso

Eu nasci em São Paulo, cidade famosa pela Avenida Paulista, pelo MASP pelo Rio Tietê. Cheiroso que só ele! Por isso o que eu vou contar agora pode parecer frescurinha, vou logo avisando.

Nos meus muitos anos de vida (quase 19, né?) eu nunca tinha visto um rato-urso cara-a-cara. De verdade mesmo, morando no Brasil, eu nunca vi um rato. Vi hamster, porquinho da índia, chinchila, mas nunca um rato monstro transmissor de peste negra.

Quando me mudei pro apartamento em que resido agora, e aquilo não era bem um apartamento, era uma possilga, tive umas 4 DRs com o camundongo inquilino do lugar. Ele não queria aceitar ação de despejo. Daí, apelei pra ratoeira (até então eu achava que ratoeira era coisa de Tom e Jerry, só existia no imaginário infantil). Pra concluir: sim, assassinei* um rato, e não me orgulho disso. Principalmente porque ele era todo pequeninho e tinha uma vida cheia de descobertas pela frente.

Então que esses dias um amigo chamou pra jantar e tals, e ele mora em prédio. Daí chegamos em turminha e começamos a subir os 8 lances de escada. Lá pelo quarto lance... todo mundo completamente sem ar (bandivelho)... começou uma gritaria assim bem gay de cima pra baixo. E o culpado era o rato-urso. O maior RATO que eu já vi na minha vida. Nada fievel, nada Remy. Era rato de tamanho de urso descendo a escada. Juro!

E daí, não preciso falar mais nada: trauma pra vida toda!



* Só pra explicar que, na verdade mesmo, a assassina, que montou e colocou queijinho fandango na ratoeira, foi a Carol, mas eu não posso colocar a culpa só nela, porque isso é transmissão de karma, e eu fui cúmplice incentivadora.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Dia da Paz - a Retratação

Ai, gente, coisa feia que eu fiz. Confiei na primeira resposta que o Google me deu. E a gente sabe que isso é muita falta de responsabilidade, e que se eu tivesse na escola, bombava de ano. Se não fosse o Cláudio me esclarecer, na maior educação, porque convenhamos, ele podia ter me chamado de super-ignorante, e ter me dado uma rasteira...

Então, segue aí o esclarecimento do Cláudio: o 4 de Abril comemora os acordos de paz assinados no Luena no dia 4 de Abril de 2002 após a morte do Savimbi em combate, e o subsequente fim da guerra, e não os acordos de Lusaka de 1994. Reparar que nunca existiu feriado em Angola de 4 de Abril até o ano de 2005.

Não é que o Dia da Paz tenha nada a ver com o Protocolo de Lusaka, como eu tinha explicado no post anterior. O feriado comemora a assinatura do Memorando de Entendimento Complementar ao Protocolo de Lusaka. Também não sou tão ruim de serviço assim.

Disculpa aí, gente! Valeu!

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Dia da Paz

Segunda Feira, 04 de abril, foi feriado u-huu (vamos combinar que depois da palavra feriado sempre vai rolar um u-huu)! Foi Dia da Paz. Eu, expatriada inocente, jurava que estava comemorando o fim da Guerra Civil, né? Na-nã.

O 4 de abril comemora o Protocolo de Lusaka, tratado de paz mediado pela ONU entre MPLA* (partido do governo angolano) e UNITA (partido da oposição) em 1994. O Protocolo previa desarmamento da população; direito de acesso dos partidos políticos à imprensa estatal para fins pacificadores; programa de assistência e reinserção social... tudo muito mara, tudo muito lindo!

... Na teoria. Porque a Guerra só acabou em 2002. Deve ser um daqueles casos de “o que vale é a intenção”.

Eu comemorei a paz pintando minhas unhas de lilás, que é cor serena, que é cor singela, que é cor de parede de quarto de criança.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Abraça a Causa!

Em Luanda tá sempre chovendo, né? Mas não é chuva de verdade. É chuva de ar condicionado. Porque de verdade mesmo, em Luanda chove quase nunca.

Vc sabe, né? Que ar condicionado cospe pra fora? Então.


Faz calor... a gente sabe que calor significa suor e tem quem não suporte suar, porque é nojinho e derrete a maquiagem. Mas acho que aqui a gente meio que abusa. Porque, segundo o Al Gore, o AC libera HFC (homem feio e careca) que super bomba o aquecimento global. E, não sei vc, mas o Al Gore é o novo Nostradamus, e eu tenho medo das profecias dele.
Então é isso, Luanda: desodorante Roll on e Klenex pra nóis! E vamos desligar o AC.

Orgulhinho de mim super engajada!

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Liga só!

Tava eu lá na fila do Mercado esperando a minha vez, e prestando atenção na conversa alheia. Porque eu sou inxirida. E um cara falou pro outro:
- Daí eu mandei instalar telefone fixo lá em casa e minha mãe não gostou. Luxo pra quê? Ela disse. Já tem aí o telelé.

Em Luanda é assim, telefone fixo rareia, é luxo. Em compensação cada cidadão tem de 3 a 4 aparelhos de celular. Inclusive as zungueiras. Tenho pra mim que isso acontece por causa das musseques, bairros grandes que nasceram de invasão durante a Guerra Civil, e por isso não têm distribuição de água, luz, quanto mais de rede de telefonia. Um colega contou que o povo desistiu de ter telefone fixo em casa, porque a Cia Telefônica não sabia cobrar. Tinha mês que a conta vinha de mais, tinha mês que vinha de menos.

Enquanto isso tá lá a Unitel, maior operadora de telemóvel aqui de Angola, cada vez mais ryca e dyva. A outra grande operadora, essa estatal, é a Movicel. Um duopólio, segundo a revista Exame que pratica o uso do dicionário.


Foto by Wagner Tarso

Agora, licencinha que eu vou ali comprar saldo*.

* é crédito pro cel.